As cenas
lamentáveis a que assistimos na Câmara, antes durante e depois da ‘eleição’ dos
membros da comisso de Justiça que vai julgar a admissibilidade do pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff, refletem exatamente o momento
político-institucional que vivemos. Talvez não tenhamos tido um conjunto de
fatos tão desprezíveis na história recente da nossa principal (pela amplitude
do seu alcance) Casa de ressonância de desejos, anseios e espírito da sociedade
brasileira.
Não há
justificativas para o comportamento absolutamente incivilizado de dezenas de
representantes do povo, sem distinção de matiz partidário, mas capitaneados – e
isso ficou evidente nas imagens vergonhosas espalhadas pelo país – pelo Partido
dos Trabalhadores e seus satélites. O destempero (para usar uma expressão
suave, amena) da deputada gaúcha Maria do Rosário, ex-ministra e uma educadora
por origem, exibe por inteiro o nível rasteiro da nossa representação.
Gritos,
xingamentos, agressões físicas e uma inusitada ocupação das cabines de votação
por partidários da tropa de choque (alguns são da turma do cheque) governamental
deram a dimensão do abismo institucional no qual estamos sendo jogados. Não há
debates de ideias ou projetos. Há apenas e tão-somente uma exibição espúria de
violência, ignorância, intolerância e desrespeito às instituições, entregues ao
comando de desqualificados políticos, como os responsáveis pela gestão dos três
poderes.
O que poderíamos
esperar de um Congresso liderado pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e pelo
deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ)? E de um Supremo Tribunal Federal aparelhado
partidariamente, que tem no topo alguém como o ministro Ricardo Lewandowski,
que sequer pode dar um passeio em um shopping? E, quase acima de todos (não podemos esquecer a presença ignominiosa do ex-presidente Lula), pairando num
mundo irreal (surreal, talvez), a presidente da República, Dilma Rousseff, uma
catástrofe ambulante, um tsunami de incoerências, motivo de chacota no mundo,
incapaz de articular pensamentos simples, quanto mais um projeto de país.
País que, por
conta da obsessão desenfreada pelo poder, a qualquer custo, de petistas e
assemelhados, vive momentos incontroláveis, de insegurança institucional. A
possibilidade de impeachment da presidente é apenas um símbolo dessa quadra de
desatinos, marcada pelos maiores escândalos da história republicana brasileira,
em todos os níveis administrativos, em todos os patamares públicos e privados.
Não por acaso,
estamos, nós, o Brasil, participando de uma espécie de ‘olimpíada’ da vergonha,
como retrata, hoje, o jornal O Estado de
São Paulo. O estratosférico escândalo na Petrobras, investigado pela
Operação Lava Jato, está entre os finalistas do concurso promovido pela
Transparência Internacional – entidade que combate a corrupção no planeta – e que
vai escolher o maior deles, o mais simbólico, o de maior repercussão, o mais
canalha.
É nesse ranking da
ignomínia que fomos jogados pelo esquema que se apossou do poder há 13 anos,
democraticamente, é verdade. E que, desde então, vem agindo sistematicamente
para construir um projeto de eternização, financiado pelos saques aos cofres
públicos, energizado pelo achaque a grandes empreiteiras. Um projeto que, ao
fim, visa a devastar as recentes e ainda tênues conquistas dessa mesma
democracia.
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