Para quem viveu, como eu, os anos da ditadura
e, como eu, conviveu com o apelo ao que eu classifico de ‘patriotismo de botequim’,
ao “ame-o ou deixe-o”, a comparação com o recorrente “nunca antes nesse país” que
vem sendo impingido à população nos últimos quase doze anos é inevitável. A
essência é a mesma, exposta na postura de únicos intérpretes da vontade
nacional.
Acossado pelo desencanto popular com a
precariedade absoluta dos serviços públicos e imprensado pelos números cada vez
mais desastrosos das pesquisas de opinião, o Governo vem investindo, sem o
menor constrangimento moral, nessa velha e deplorável tática de classificar adversários
e críticos como inimigos da Pátria, como um todo, e da ‘pátria de chuteiras’,
em especial, nos últimos dias.
De maneira coordenada e pensada pelos
marqueteiros sempre de plantão, a ainda presidente Dilma Rousseff, em
solenidade de campanha no Sul do País, insistiu mais uma vez nessa toada
destinada a desqualificar todas as manifestações de insatisfação, não apenas
aquelas que extrapolam os limites legais. De maneira torta, tenta misturar
sentimentos que podem, sim, conviver.
Exigir dignidade dos governantes e
responsabilidade no trato da coisa pública são comportamentos que jamais podem
ser confundidas com uma atitude de desapreço à Seleção Brasileira, aos símbolos
nacionais, como o Governo pretende fazer crer.
É possível torcer por vitórias em todos os
campos, com a mesma determinação. Ao dizer que nem mesmo quando estava presa
deixou de torcer pela Seleção – como fez ontem -, nossa presidente apela ao
discurso mais medíocre, fuleiro, demagógico e populista.
É evidente – e ela sabe disso – que a maioria
absoluta da população vai torcer pela Seleção, como sempre fez. Esse sentimento
não está em discussão. A grande novidade surgiu quando o brasileiro decidiu questionar
não sua paixão pelo futebol, seus atletas, ou equipe, mas a propriedade de
gastos públicos exorbitantes com um projeto secundário (a Copa), num país tão
carente de tudo.
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